"Azevias"
Ingredientes
Massa:
Recheio de grão:
Confecção do recheio:
Coze-se o grão com uma pitada de sal, pela-se e esmaga-se até fazer puré.
Entretanto, leva-se o açúcar ao lume com a água e deixa-se ferver durante 2 minutos.
Junta-se o puré do grão, a canela e a raspa dos limões.
Deixa-se ferver, mexendo sempre até fazer "ponto estrada", ou seja, até se ver o fundo do tacho.
Retira-se do lume e fica a arrefecer um pouco.
Por último, juntam-se as gemas dos ovos, mexendo sempre de forma a envolver tudo muito bem e leva-se o preparado novamente ao lume para cozer as gemas.
Se possivel, faz-se o recheio no dia anterior ao da feitura das azevias para "ganhar" mais gosto.
Confecção da massa e finalização das Azevias:
Coloca-se a farinha numa tigela ou na mesa e faz-se uma cova ao centro onde se deita a banha derretida e quente. Mistura-se.
Adiciona-se a aguardente e vai-se amassando juntando aos poucos e poucos pinguinhas de água morna previamente temperada com sal.
Sova-se bem a massa.
Fica a repousar durante 15 minutos aproximadamente.
Estende-se a massa com o rolo o mais fina possivel, e recheia-se com o preparado do grão feito anteriormente. Cortam-se com a forma de meias luas, como os rissóis, com a boca de uma chávena, uma faca ou, melhor ainda, com uma carretilha (ficam mais bonitas com o efeito rendilhado da carretilha).
Fritam-se em azeite (como se fazia antigamente) ou em óleo bem quente.
Polvilham-se com açúcar ou mistura de canela e açúcar.
Dica:
Em vez das Azevias com recheio de grão, pode fazê-las com recheio de batata doce, típico da região de Aljezur (que é a terra da batata doce).
A receita processa-se de igual forma da descrita anteriormente com a única diferença da substituição do puré do grão por puré de batata doce.
Truque:
Para que as Azevias fiquem ainda mais apetitosas, podemos alterar a receita e adicionar amêndoa ralada, nas seguintes proporções: 750 gr de grão ou batata doce + 250 gr de amêndoas peladas e raladas.
"BOLO INGLÊS"
Ingredientes
Primeiramente, coloque numa tigela as frutas cristalizadas juntamente com as passas e "mergulhe-as" com o vinho do Porto ou Rum. Deixe a "ganhar" gosto.
Entretanto, derreta a margarina. Deixe arrefecer e depois junte-a com o açúcar e bata até obter um creme esbranquiçado e fofo.
Junte os ovos, um a um, batendo sempre.
Em seguida, junta-se a raspa e o sumo da laranja, a farinha com o fermento em pó, envolvendo tudo muito bem, e por fim, o primeiro preparado das frutas embebidas na bebida alcoólica.
Leve ao forno bem quente numa "forma de bolo Inglês", forrada com papel vegetal, ou com papel especifico para levar bolos ao forno, ou ainda, untada com margarina e polvilhada com farinha, durante aproximadamente 30 a 40 minutos. Vá verificando com um palito a cozedura do bolo.
Dica: Um bolo muito bom de uma receita antiga e que fica sempre bem para um lanche ou numa mesa de ceia de Natal.
Truque: Pode fazer este bolo numa outra variante em que os únicos elementos que substituí são as frutas cristalizadas e as passas, por frutos secos, nomeadamente, miolo de noz, amêndoa, avelãs e pinhões.
Ingredientes
Escalde as amêndoas, pele-as e pique-as até fazer uma espécie de farinha grossa.
Deite o açúcar num tachinho, misture-lhe a água e leve ao lume a ferver brandamente 3 minutos exactos.
Retire depois do lume, adicione a amêndoa picada, e deixe arrefecer.
Junte as gemas e as claras, previamente "mexidas" com um garfo e envolva tudo até todos os ingredientes estarem bem ligados.
Unte as formas com margarina e encha-as com o preparado anterior mas não completamente até ao bordo da forma. Deixe sensivelmente 1cm entre o preparado e o bordo da forma para que quando se inicie a cozedura dos doces a massa do preparado não transborde fora das formas de alumínio.
Deite água quente num tabuleiro até à altura de quase 1 cm e coloque nele as formas (o que vai fazer com que o processo de cozedura seja o que se intitula de "cozer em banho Maria").
Leve a cozer em forno bastante quente até o preparado estar bem solidificado (+ ou - 20 a 25 minutos) o que se verifica fazendo pressão com os dedos.
Retire do forne, deixe arrefecer, descole dos lados e desenforme.
Coloque-os dentro de forminhas de papel frisado.
Nota: Estes docinhos ficam uma espécie de pudinzinhos, quase como que QUINDINS de côco, mas desta feita, pudinzinhos de amêndoa.
São DIVINAIS, verdadeiramente gulosos e ficam muito bem a decorar a sua mesa de doces do Natal ou Fim de Ano.
Curiosidades:
Tudo começou no Colonial
«O “Café Colonial" foi aberto por dois sócios provenientes do Ultramar, mas pouco tempo depois, um deles abandonou a sociedade, ficando o estabelecimento a pertencer ao outro, José Lopes. Estava instalado no Largo 5 de Outubro, num bloco que já não existe, onde foi construído o edifício da Caixa Geral de Depósitos. No local, antes, tinha estado o “Café-Restaurante Comercial". Era uma sala muito concorrida que tinha uma porta giratória e um “groom", um miúdo de cor, uniformizado. A esposa do proprietário fabricava um bolo, uma especialidade de ovos e açúcar, cuja receita não saiu da família. Chamava-
-se inicialmente “saudades de amor", mas, ou porque o nome era demasiado longo e complicado, ou por outra razão qualquer, passou a chamar-se, nos meados dos anos Trinta, “beijinhos". As cenas mais ou menos hilariantes que se passavam, quando um ou outro bem humorado pedia “beijinhos" ao dono do café, fizeram com que, pela terceira vez, voltassem a ser baptizados, agora como “Brisas do Lis", nome pelo qual ainda hoje é conhecido.»
José Dias Coelho,
"Leiria entre 1920 e 1940"
“Brisas" de Leiria nunca houve como as do Colonial. Nem só os bilhares e o mau humor do Sr. Lopes eram o atractivo daquela sala fantástica dos fundos onde, entre duas tacadas, se bebia uma bica e um daqueles notáveis bolinhos amarelados pela gema dos ovos caseiros. Eram tempos de rodopio em volta do balcão com as pessoas a comprarem o precioso manjar, embalado em caixas de dúzia ou, conforme o caso, de meia dúzia.
Numa terra onde as especialidades doceiras nunca foram muito abundantes e variadas, as “Brisas" tornaram-se um caso notável ao longo das últimas décadas. Tornaram-se a prenda possível e sempre agradável quando faltavam a habilidade, o gosto e o tempo. As “Brisas" eram sempre a prenda certa em qualquer momento.
Não é doce antigo nem tem atrás de si uma tradição conventual. Como escreveu o historiador José Dias Coelho, a sua história remonta à década de trinta do século passado. Contudo, essa falta de pergaminhos em nada lhe retira a bondade, a suavidade do sabor, o suave odor, a carícia suavizada na boca, preparando-a para o licor adequado, ou para o cálice de Porto que, generosamente, adora aquela cama.
Orlando Cardoso
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