Ana Maria Magalhães “Sintra é uma incursão num conto de fadas”
Uma das autoras dos livros “Uma Aventura...” diz que Sintra é para si uma incursão num conto de fadas. A caminho da 50ª “aventura”, Ana Maria Magalhães vem a Sintra, a 5 de Março, assistir ao que os alunos da EB 2/3 Prof. Agostinho da Silva prepararam para a sua recepção. Ana Maria Magalhães nasceu em Lisboa a 14 de Abril de 1946, no seio de uma enorme família onde as crianças ocupavam o primeiro lugar. Os seus livros, que marcaram uma viragem na história da literatura infantil portuguesa, são eco de uma infância e juventude particularmente felizes e traduzem o seu enorme talento para comunicar com os mais novos.
Estreou-se como escritora de livros infanto-juvenis, em parceria com Isabel Alçada, em 1982. Como nasceu esta parceria? Começámos a trabalhar juntas em 1976, como professoras na mesma escola. Dávamo-nos muito bem em termos profissionais e, simultaneamente, fomos criando uma grande amizade. Trabalhávamos e preparávamos as aulas em conjunto. Um dia, andávamos à procura de textos para os nossos alunos lerem e, como não encontrávamos nada que nos agradasse, ocorreu-nos escrever uma história. Os miúdos gostaram imenso e sentimo-nos encorajadas a continuar. Foi assim que começámos.
Comunga da ideia de que os jovens lêem muito menos do que aquilo que deviam? É um mito! Na verdade, há muita gente jovem a ler e a prova disso é que há edições que não acabam mais. Hoje, lê-se muito mais do que há uns anos. No entanto, defendo que os estímulos ao livro e à leitura devem continuar.
Os seus livros marcaram uma viragem na história da literatura infantil portuguesa e reflectem a sua longa e rica experiência educativa. Considera que são eco de uma infância e juventude felizes? Sem dúvida! Tanto eu como a Isabel Alçada, tivémos infâncias felizes e, também, por isso, contamos histórias felizes, que acabam sempre bem. Não queremos sensibilizar para o sofrimento, muito pelo contrário. Entendo que haja histórias tristes, mas não escritas por mim. Actualmente, muitas escolas proporcionam um contacto directo com escritores. Em Sintra, o projecto “Os Escritores vão à Escola” é, na sua opinião, incentivador do gosto pela leitura nos mais novos? É um projecto muito meritório. Penso que todos temos de colaborar pela promoção do gosto pela leitura. E a Câmara de Sintra, nesse sentido, tem tido um papel muito activo. É de louvar todo este trabalho fantástico. Ler é muito importante! Ajuda a estudar com mais facilidade, a trabalhar a memória e a estimular a capacidade intelectual.
Como caracteriza a sua relação com as crianças? Sempre gostei muito de crianças. Há 39 anos que trabalho com elas. Temos uma relação carinhosa e amistosa. Uma relação que sempre se pautou pelo respeito. Respeito muito as crianças e exijo que me respeitem também. Só assim é possível ser-se professor.
Sintra já foi palco de “Uma Aventura...” por duas vezes. Qual a relação que tem com a Vila Património Mundial? É verdade... “Uma aventura no bosque” e “Uma aventura no Palácio da Pena”. Sintra é um lugar de eleição. É uma jóia que está mesmo aqui ao virar da esquina, bem perto de Lisboa. É um sítio maravilhoso, próprio, ideal para levar filhos e netos a passear. Levei os meus filhos e alunos inúmeras vezes a Sintra, para visitarem o Castelo dos Mouros, o Palácio da Pena, o Palácio da Vila... são lugares que dão a ideia de que a qualquer momento aparece uma princesa. Uma verdadeira incursão num conto de fadas. A título de curiosidade, o livro “Uma aventura no Palácio da Pena” foi um pedido expresso do director do monumento para que escrevêssemos uma história ali passada. Acedemos ao pedido e, depois de editado o livro, as visitas de estudo ao Palácio da Pena triplicaram. |