Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008

"Memórias de Adriano" de Marguerite Yourcenar...um livro imprescindível!!!



 

 

Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar foi publicado pela primeira vez em França em 1951.

 

Autobiografia romanceada do imperador romano que viveu no século 2, baseada numa minuciosa pesquisa histórica. Yourcenar começou a escrever o livro em meados dos anos 20 e, depois de destruir várias versões do texto, publicou-o em 1951, com sucesso absoluto. Adriano é retratado como o governante ideal: cultor do classicismo grego, protetor das artes e político preocupado com vida dos escravos.

 

 

«Trata-se de um livro que parece ser, numa primeira impressão, "difícil": a escrita faz-se na primeira pessoa, com o Imperador Adriano, ele próprio, vagueando pelas suas memórias. Mas logo que se faça a adaptação ao estilo da autora, sem pré-aviso, começa-se a ficar envolvido na teia e, subitamente, quase magicamente, já estamos a sentir e a viver os tempos de Adriano. As suas viagens à volta do Império, os seus sentimentos para com os seus amigos e inimigos, a intrigazinha palaciana da sua corte, os seus pensamentos políticos e filosóficos sobre Roma e os Romanos, sobre os povos da Ásia Menor e do Egito, sobre os bárbaros do Norte, as suas campanhas militares, tudo parece estar a acontecer e fazer parte da própria vida do leitor. É considerada uma peça de escrita fabulosa e única!

E sim, o drama da paixão de Adriano pelo jovem Antinoo está lá toda, maravilhosa, apaixonada, dolorosa, pungente, emocionante...»

(Texto da Vikipédia e com o qual comungo inteiramente a opinião)

 

Com pensamentos como estes que nos fazem reflectir:

 

«Não existindo já os Deuses e não existindo ainda Cristo, houve, de Cícero a Marco Aurélio, um momento único em que só existiu o homem.»

 

«Como toda gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou de nos convencer que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas."»

 

«... o gráfico de uma vida humana, que se não compõe, digam o que disserem, de uma horizontal e duas perpendiculares, mas sim de três linhas sinuosas, prolongadas no infinito, incessantemente aproximadas e divergindo sem cessar: o que o homem julgou ser, o que ele quis ser e o que ele foi.»

 

«Mas a mais longa dedicatória é ainda uma forma demasiado incompleta e banal de honrar uma amizade tão pouco comum.»

 

«Cada um de nós tem mais virtudes do que os outros supõem, mas só o êxito as torna notórias, talvez porque se espera então que deixemos de as praticar.»

 

«Quando se tiver diminuído o mais possível as servidões inúteis, evitado as desgraças desnecessárias, continuará a haver sempre, para manter vivas as virtudes heróicas do homem, a longa série de verdadeiros males, a morte, a velhice, as doenças incuráveis, o amor não correspondido, a amizade recusada ou traída, a mediocridade de uma vida menos vasta que os nossos projectos e mais enevoada que os nossos sonhos: todas as infelicidades causadas pela divina natureza das coisas.»

 

«Duvido de que toda a filosofia do mundo consiga suprimir a escravatura: o mias que poderá suceder é mudarem-lhe o nome.»

 

«A fraqueza das mulheres, ..., resiste à sua condição legal: a sua força vinga-se nas pequenas coisas em que o poder que elas exercem é quase ilimitado. Rramente vi um interior de uma casa onde as mulheres não reinassem.»

 

«Uma parte dos nossos males provém de haver demasiados homens excessivamente ricos ou desesperadamente pobres.»

 

«A maior parte dos nossos ricos faz enormes donativos ... .

Muitos agem assim por interesse, alguns por virtude; quase todos ganham com isso.»

 

« ...não será a alma apenas o supremo resultado do corpo, frágil manifestação da dor e do prazer de existir?»

 

«Natura deficit, fortuna mutatur, deus omnia cernit.

A natureza trai-nos, a sorte muda, um deus vê do alto todas estas coisas.»

 

 

Este livro foi-me ofertado por alguém muito especial, que continua e continuará sempre, a ser detentor de um cantinho dos meus pensamentos, com a seguinte dedicatória:

 

«Olha que engraçado. Parece que este livro estava mesmo guardado para ti. Fui a duas livrarias, uma próxima da outra. Na primeira disseram-me logo que este livro estava esgotado. Saí sem muita discussão, e dirigi-me imediatamente para a segunda pois, não sei porque, tive um feeling de que iria encontrá-lo.

Nesta, ao entrar, se encontrava cheia mas percebi que a minha presença fez-se logo sentida. Como os olhares voltaram-se para mim, aproveitei este prelúdio para perguntar se tinham o livro em questão. A resosta de uma das funcionárias soou-me como um presságio:

- Penso que tenho um exemplar que foi guardado para um cliente.-ripostou a rapariga.

Como estava muito ocupada, disse-lhe que iria dar uma volta e que não tardaria o meu regresso. Após esta pausa, suficinet para o desanuviamento da livraria, regressei em busca do que (me) te estava destinado. Assim trouxe este único exemplar que, apesar de ter sido guardado para outra pessoa, pareceu-me tê-lo sido para ti.

Acredito que nas tuas mãos estará mais adequado.

                                                                                                       ...... /92

"Para ser grande, sê inteiro:nada teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive."

                                                                                                 Fernando Pessoa

 

Passados 16 anos da mesma, penso não estar a desvendar segredo algum.

Com isto mostro o quão importante é a dedicatória e o dedicar-se um livro a alguém que se estima verdadeiramente!

A memória permanece sempre viva!

 

sinto-me: Carpe Diem
música: "Amores Imperfeitos" - VIVIAN
publicado por mileumpecados às 12:32
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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007

Livro "PROIBIDO"

                PROIBIR, PROIBIR, PROIBIR!!!

 

Título:  Proibido

Autor: António Costa Santos  

Editora: Guerra e Paz

1ª Edição Maio de 2007

 

Já imaginou viver num país onde tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?

Como será a vida num país onde uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido e as enfermeiras estão proibidas de casar?

Haverá um país onde meçam o comprimento das saias das raparigas à entrada da escola, para que os joelhos não apareçam?

Imagina-se a viver numa terra onde não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?

Como se faz praia, num país que não deixa ninguém mostrar o umbigo?

Já nos esquecemos, mas ainda há poucos anos tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo em público.

 

E se a gigantesca onda de proibições do passado
fosse um bom aviso para o presente?

 

Mas que não se pense que a “façanha” do proibir só existia no passado, que morreu às portas do 25 de Abril, ou que era e é somente “propriedade” do Estado.

Como pode ler na página 94 do “Proibido”: «Já em Março de 2007, o Papa Bento XVI, na primeira exortação apostólica do seu pontificado, fez questão de recordar que os católicos divorciados que voltem a casar estão proibidos de comungar, a menos que se comprometam a viver com o novo companheiro como amigos ou irmãos, isto é, sem relações sexuais.»

...o que será que a Igreja pensa acerca dos filhos que possam advir dessas mesmas relações “Proibidas”? São prescritos? Se assim for, mais de metade da nova geração será prescrita da igreja.  

 

António Costa Santos é jornalista desde 1976. Trabalhou, entre outros, nos semanários “Sete”, do qual foi chefe de redacção, e “Expresso”, onde assinou durante cinco anos uma crónica sobre questões da vida quotidiana, o “Estado do Sítio”. Publicou um romance, livros de humor e para a infância, e é autor de guiões para cinema e televisão. Tem 50 anos e quatro filhos, aos quais proibiu algumas coisas, ao longo da vida, como bater nos mais fracos, faltar às aulas para ir jogar matraquilhos, deixar os discos fora das caixas, denunciar um colega, ou pregar mentiras, à excepção das piedosas e em legítima defesa.

 

sinto-me: Carpe Diem
música: Gorillaz - "Feel Good Inc(1)"
publicado por mileumpecados às 13:23
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Quinta-feira, 4 de Outubro de 2007

VOAR COM AS PALAVRAS

“O Prenúncio das Águas” (1999) – Prémio Máxima de Literatura em 2000

Foi com renovado prazer e entusiasmo que li mais um dos inúmeros romances de uma das escritoras Portuguesas de minha eleição.

Os elementos característicos da natureza humana estão, novamente, todos lá, desde o Ciúme à Inveja, a força dos laços familiares e o seu permanente desgaste, do Amor à Loucura.

Romances imbuídos de personagens genuínas que são peças do típico e castiço Portugal Português, chegando mesmo a conseguir que o leitor, para além de visualizar, ouça os sotaques das mesmas.

 

Um mundo visto através dos olhos de …Mãe, Filha, Avó, Tia…

 

Esse lado feminino, intimista, sempre presente na sua escrita, que nos faz mergulhar de espírito e alma nos confins da Nação e da Terra, enredando-nos, durante o processo, nas nossas raízes até ao tutano, é fascinante nos romances de Rosa Lobato de Faria.

 

"O Prenúncio das Águas”

“Tendo como pano de fundo uma aldeia condenada a ficar submersa pelas águas de uma barragem, cinco narradores falam de si, completando, à medida que o fazem, uma história a que só o leitor terá direito...”

 

«Apaixonei-me por esta aldeia da mesma forma que amei as minhas mulheres: por todas as razões e por nenhuma.»(pág.48)

 

A sua descrição faz-nos transportar para a aldeia da Luz, que ficou submersa pela barragem do Alqueva.

Filomena, uma fotógrafa, 2ª geração de emigrantes em França, soube que a aldeia natal dos Pais ia ser submersa palas águas de uma barragem. Convence os chefes da revista onde trabalha a vir a Portugal fazer uma reportagem sobre o acontecimento.

Chega a Rio do Anjo e ocupa a casa que pertenceu aos Avós e começa a dar aulas de Francês a Pedro, um menino de oito anos, inteligente, puro o bastante para ser o único a contactar com o anjo da aldeia, João, o qual ele pensa tratar-se de um extraterrestre.

Pedro é filho de uma das três irmãs, Ausenda, Beatriz e Clara, criaturas frustradas, ressabiadas e detentoras de vários “esqueletos no armário”, (um dos quais é um segredo de família que acabará por adensar o enredo, a trama da história), e de, Zé Nunes, o macho latino, crente que tem uma elevada posição perante as fêmeas submissas.

No café do Tio Adão, Adanito para os mais velhos, Filomena é apresentada ao Doutor Ivo Durães, “glória” da terra, «…professor, menina Filomena, professor de Universidade, veja bem», que retornou à aldeia pelas mesmas razões de Filomena, a qual se torna numa espécie de sua secretária, a organizar a biblioteca do doutor Ivo, e, por quem ele se apaixona.

A Tia Sebastiana, conta com noventa primaveras, é a sibila da terra e é quem profere os prenúncios, a quem há muitos anos atrás, à saída da escola, os miúdos atiravam pedras e chamavam de bruxa.

                                          Lendas, crenças e mitos…

O Fantástico e o Real se entrelaçam com a crença da Mulher “metade cobre, metade gente”!

 

Aproxima-se o momento da mudança para a aldeia nova, a “aldeia do luto”, e as personagens da história têm de tomar decisões, nomeadamente, o que levam consigo e o que vai ter de ficar…

sinto-me: Carpe Diem
música: MATINAL dos Madredeus
publicado por mileumpecados às 14:18
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