Segunda-feira, 26 de Maio de 2008

78 ª Feira do Livro de Lisboa abre ao público no Sábado, dia 24 de Maio

 

A Feira do Livro de Lisboa abre ao público no Sábado, dia 24 de Maio
 

 

No final de um longo processo negocial, a APEL está agora em condições de anunciar que a Feira do Livro de Lisboa abre no sábado, dia 24 de Maio, pelas 15:00 horas, estando a inauguração oficial confirmada para as 17:00 horas.

A Feira do Livro irá assim decorrer entre 24 de Maio e 15 de Junho,  no Parque Eduardo VII,  com o seguinte horário:

 

Abertura:       
de Segunda a Sexta-feira às 16 horas;
Sábados, Domingos e Feriados às 15 horas;
Dia 1 de Junho (Dia Mundial da Criança), às 10 horas.
 
Encerramento:
de Domingo a Quinta-feira às 23 horas;
Sextas-feiras, Sábados, véspera de Feriado e último dia de Feira às 24 horas.

 

 

 

 

Dia 1 de Junho, Dia da Criança

No dia 1 de Junho a Feira do Livro de Lisboa tem organizados várias actividades e eventos especialmente dedicados às crianças.

 

 

 

 

Este ano A Feira do Livro de Lisboa conta com a presença de 132 participantes com 203 pavilhões, dos quais 11 são pavilhões dedicados ao livro infantil.

O ano passado este número foi de 117 participantes para 189 pavilhões

A organização do espaço é igual à dos anos anteriores.
Além dos corredores com os stands das editoras existem mais dois espaços de apoio à realização de eventos: o auditório e a sala de conferências. Como é habitual, à entrada da Feira estará disponível o pavilhão da APEL, onde será prestada todas as informações aos visitantes e onde será possível aceder à base de dados da Associação.

O Site da Feira do Livro de Lisboa, www.feiradolivrodelisboa.pt, estará mais uma vez a funcionar com actualizações diárias e zona de acesso à imprensa onde serão colocados comunicados
sempre que se revelar necessário.

Como pontos altos da programação destacamos todos os eventos dedicados a Cabo verde, que vão trazer à feira uma excelente representação da cultura daquele país, com debates, música e
gastronomia.

 

 

sinto-me: Carpe Diem
publicado por mileumpecados às 11:15
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Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008

"Memórias de Adriano" de Marguerite Yourcenar...um livro imprescindível!!!



 

 

Memórias de Adriano de Marguerite Yourcenar foi publicado pela primeira vez em França em 1951.

 

Autobiografia romanceada do imperador romano que viveu no século 2, baseada numa minuciosa pesquisa histórica. Yourcenar começou a escrever o livro em meados dos anos 20 e, depois de destruir várias versões do texto, publicou-o em 1951, com sucesso absoluto. Adriano é retratado como o governante ideal: cultor do classicismo grego, protetor das artes e político preocupado com vida dos escravos.

 

 

«Trata-se de um livro que parece ser, numa primeira impressão, "difícil": a escrita faz-se na primeira pessoa, com o Imperador Adriano, ele próprio, vagueando pelas suas memórias. Mas logo que se faça a adaptação ao estilo da autora, sem pré-aviso, começa-se a ficar envolvido na teia e, subitamente, quase magicamente, já estamos a sentir e a viver os tempos de Adriano. As suas viagens à volta do Império, os seus sentimentos para com os seus amigos e inimigos, a intrigazinha palaciana da sua corte, os seus pensamentos políticos e filosóficos sobre Roma e os Romanos, sobre os povos da Ásia Menor e do Egito, sobre os bárbaros do Norte, as suas campanhas militares, tudo parece estar a acontecer e fazer parte da própria vida do leitor. É considerada uma peça de escrita fabulosa e única!

E sim, o drama da paixão de Adriano pelo jovem Antinoo está lá toda, maravilhosa, apaixonada, dolorosa, pungente, emocionante...»

(Texto da Vikipédia e com o qual comungo inteiramente a opinião)

 

Com pensamentos como estes que nos fazem reflectir:

 

«Não existindo já os Deuses e não existindo ainda Cristo, houve, de Cícero a Marco Aurélio, um momento único em que só existiu o homem.»

 

«Como toda gente, só disponho de três meios para avaliar a existência humana: o estudo de nós próprios, o mais difícil e o mais perigoso, mas também o mais fecundo dos métodos; a observação dos homens, que na maior parte dos casos fazem tudo para nos esconder os seus segredos ou de nos convencer que os têm; os livros, com os erros particulares de perspectiva que nascem entre as suas linhas."»

 

«... o gráfico de uma vida humana, que se não compõe, digam o que disserem, de uma horizontal e duas perpendiculares, mas sim de três linhas sinuosas, prolongadas no infinito, incessantemente aproximadas e divergindo sem cessar: o que o homem julgou ser, o que ele quis ser e o que ele foi.»

 

«Mas a mais longa dedicatória é ainda uma forma demasiado incompleta e banal de honrar uma amizade tão pouco comum.»

 

«Cada um de nós tem mais virtudes do que os outros supõem, mas só o êxito as torna notórias, talvez porque se espera então que deixemos de as praticar.»

 

«Quando se tiver diminuído o mais possível as servidões inúteis, evitado as desgraças desnecessárias, continuará a haver sempre, para manter vivas as virtudes heróicas do homem, a longa série de verdadeiros males, a morte, a velhice, as doenças incuráveis, o amor não correspondido, a amizade recusada ou traída, a mediocridade de uma vida menos vasta que os nossos projectos e mais enevoada que os nossos sonhos: todas as infelicidades causadas pela divina natureza das coisas.»

 

«Duvido de que toda a filosofia do mundo consiga suprimir a escravatura: o mias que poderá suceder é mudarem-lhe o nome.»

 

«A fraqueza das mulheres, ..., resiste à sua condição legal: a sua força vinga-se nas pequenas coisas em que o poder que elas exercem é quase ilimitado. Rramente vi um interior de uma casa onde as mulheres não reinassem.»

 

«Uma parte dos nossos males provém de haver demasiados homens excessivamente ricos ou desesperadamente pobres.»

 

«A maior parte dos nossos ricos faz enormes donativos ... .

Muitos agem assim por interesse, alguns por virtude; quase todos ganham com isso.»

 

« ...não será a alma apenas o supremo resultado do corpo, frágil manifestação da dor e do prazer de existir?»

 

«Natura deficit, fortuna mutatur, deus omnia cernit.

A natureza trai-nos, a sorte muda, um deus vê do alto todas estas coisas.»

 

 

Este livro foi-me ofertado por alguém muito especial, que continua e continuará sempre, a ser detentor de um cantinho dos meus pensamentos, com a seguinte dedicatória:

 

«Olha que engraçado. Parece que este livro estava mesmo guardado para ti. Fui a duas livrarias, uma próxima da outra. Na primeira disseram-me logo que este livro estava esgotado. Saí sem muita discussão, e dirigi-me imediatamente para a segunda pois, não sei porque, tive um feeling de que iria encontrá-lo.

Nesta, ao entrar, se encontrava cheia mas percebi que a minha presença fez-se logo sentida. Como os olhares voltaram-se para mim, aproveitei este prelúdio para perguntar se tinham o livro em questão. A resosta de uma das funcionárias soou-me como um presságio:

- Penso que tenho um exemplar que foi guardado para um cliente.-ripostou a rapariga.

Como estava muito ocupada, disse-lhe que iria dar uma volta e que não tardaria o meu regresso. Após esta pausa, suficinet para o desanuviamento da livraria, regressei em busca do que (me) te estava destinado. Assim trouxe este único exemplar que, apesar de ter sido guardado para outra pessoa, pareceu-me tê-lo sido para ti.

Acredito que nas tuas mãos estará mais adequado.

                                                                                                       ...... /92

"Para ser grande, sê inteiro:nada teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive."

                                                                                                 Fernando Pessoa

 

Passados 16 anos da mesma, penso não estar a desvendar segredo algum.

Com isto mostro o quão importante é a dedicatória e o dedicar-se um livro a alguém que se estima verdadeiramente!

A memória permanece sempre viva!

 

música: "Amores Imperfeitos" - VIVIAN
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Terça-feira, 29 de Janeiro de 2008

"O Sétimo Selo"...666

    "O SÉTIMO SELO"

 

 

Título: "O Sétimo Selo"

Autor:   José Rodrigues dos Santos

Editora: Gradiva

1ª Edição Outubro de 2007

P.V.P: 22,00€

 

                                                       Sinopse

Um cientista é assassinado na Antárctida e a Interpol contacta Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666.
O mistério em torno do número da Besta lança Tomás numa aventura de tirar o fôlego, uma busca que o levará a confrontar-se com o momento mais temido por toda a humanidade.

O apocalipse.

De Portugal à Sibéria, da Antárctida à Austrália, O Sétimo Selo transporta-nos numa empolgante viagem às maiores ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade.

 

 

Como seria de prever pela rapidez com que o autor publica os seus romances (à razão de um romance por ano) e na sequência dos anteriores, "O Codex 632" e "A Fórmula de Deus", este ficou aquém das expectativas.  

 

O enredo desenrolasse a partir da mesma personagem principal, Tomás, e no qual, o escritor esforçasse para transmitir a ideia de um professor de História, perito em línguas antigas e um dos maiores criptanalistas do Mundo, e que acaba por ser, não mais, que um  James Bond / Indiana Jones em versão Portuguesa.

 

O aquecimento global do planeta Terra como tema do livro, embora tenha “pano para mangas” foi pouco explorado na sua vertente mais importante e pouco discutida na opinião pública, como o armazenamento das energias alternativas, uma das questões que está “em cima da mesa”, real, e, da qual ainda não se avista uma solução definitiva.

 

J.R.Santos escreve exaustivamente acerca dos combustíveis fósseis, com explicações mais que recorrentes desde que se trouxe este assunto para a “praça pública”. Esperava algo inovador.

 

Com excepção da explicação do 666, a criptologia, não foi minimamente explorada, sendo completamente nula no restante romance, ficando assim, na minha humilde opinião, um romance mais pobre do que deveria. Seria o descodificar desses segredos que prenderia o leitor, assim como o descortinar da questão Apocalipse, com a qual inicia o romance mas basicamente, fica por isso mesmo.

 

Foi inteligente a inclusão da relação entre Pais e Filhos e como estes encaram a velhice. No entanto, foi com surpresa que verifiquei que a personagem não discorre uma única vez a possibilidade de optar pela solução de empregar uma enfermeira ou alguém qualificado para ficar a viver com a Mãe 24 horas por dia, e assim, evitava enganá-la e colocá-la num lar contra a sua vontade.  

 

 

Este livro acaba por ser mais do mesmo.

 

 

sinto-me: Carpe Diem
publicado por mileumpecados às 13:25
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Terça-feira, 18 de Dezembro de 2007

Joaquim de Almeida e o " Óscar, o Camaleão"

» JOAQUIM DE ALMEIDA ESTREIA-SE NA LITERATURA

“Óscar, o Camaleão” marca a estreia no mundo da literatura do actor Joaquim de Almeida. A apresentação do livro infanto-juvenil, com autoria partilhada com John Frey, vai ser apresentado no próximo dia 20 de Dezembro, às 11H00, no Palácio Valenças, em Sintra.


O livro conta a história de um camaleão que, no fundo, representa a infância de Joaquim de Almeida, bem como a sua faceta de aluno indisciplinado e, um tanto ao quanto, mandrião.

Moral da história: não desesperem todos aqueles que se identifiquem com o camaleão traquina porque, na vida, há sempre algo que nos está destinado, missão que desempenharemos com mestria.

As ilustrações da obra são da autoria de João Ramos. A edição (Edições tê) tem o patrocínio da Câmara Municipal de Sintra.

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Segunda-feira, 17 de Dezembro de 2007

Há que reflectir...

" Os bons guerreiros são aqueles que têm cabeça e coração.

Uma cabeça clara e rápida, capaz de escolher, quase sem pensar, a estratégia de luta em cada ocasião. E um coração de leão que desconheça o medo, porque os combates só se ganham quando se parte para ganhar."

 

Rosa Montero em "História do Rei Transparente"

música: "Back to the rivers of the believe" - ENIGMA
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Segunda-feira, 26 de Novembro de 2007

RIO DAS FLORES

 

 

Título: "RIO DAS FLORES"

Autor:   Miguel Sousa Tavares

Editora: Oficina do Livro

1ª Edição Outubro de 2007

Publicado: 29 de Outubro

P.V.P: 26,10€

 

Sinopse

 

Sevilha, 1915 - Vale do Paraíba, 1945: trinta anos da história do século XX correm ao longo das páginas deste romance, com cenário no Alentejo, Espanha e Brasil. Através da saga dos Ribera Flores, proprietários rurais alentejanos, somos transportados para os anos tumultuosos da primeira metade de um século marcado por ditaduras e confrontos sangrentos, onde o caminho que conduz à liberdade parece demasiado estreito e o preço a pagar demasiado alto. Entre o amor comum à terra que os viu nascer e o apelo pelo novo e desconhecido, entre os amores e desamores de uma vida e o confronto de ideias que os separam, dois irmãos seguem percursos diferentes, cada um deles buscando à sua maneira o lugar da coerência e da felicidade.

 

Rio das Flores resulta de um minucioso e exaustivo trabalho de pesquisa histórica, que serve de pano de fundo a um enredo de amores, paixões, apego à terra e às suas tradições e, simultaneamente, à vontade de mudar a ordem estabelecida das coisas. Três gerações sucedem-se na mesma casa de família, tentando manter imutável o que a terra uniu, no meio da turbulência causada por décadas de paixões e ódios como o mundo nunca havia visto. No final sobrevivem os que não se desviaram do seu caminho.

 

As mais de 600 páginas do livro percorrem 30 anos da história do século XX. A Guerra Civil espanhola, a Segunda Guerra Mundial e o início do Estado Novo servem de pano de fundo à liberdade e ao apego, aos amores e desamores de uma família dividida entre o Alentejo e o Brasil.

 

A apresentação do livro - que vai buscar o título a uma região do Brasil - coube a Vasco Graça Moura, escritor e ensaísta que é o "autor moral" do livro, segundo Miguel Sousa Tavares.

Graça Moura:"O facto de haver um fundo histórico muito bem documentado não chega para ser considerado um romance histórico (...), no sentido que tradicionalmente atribuímos à expressão, que vem do romantismo", defendeu.

 

"Três anos muito duros", em que passou mais de um ano a documentar-se sobre factos históricos daquelas três décadas do século XX, entre 1915 e 1945, e um ano fechado em casa a escrever, sem viajar, outra das suas paixões.

O escritor não vai voltar a pegar em "Rio das Flores", como não voltou a ler "Equador". O livro já não é dele, diz, mas dos leitores.

 

Na minha modesta opinião, o leitor é levado por páginas e páginas de excelente escrita, a ler com avidez e a conter a tentação de espreitar o final da história antes de tempo.

Depois de 3 dias expectantes, o the end ficou, no entanto, a saber a pouco. Sinceramente, estava à espera da mesma garra e força escrita com as quais nos deleitamos ao longo de todo o livro. O fim ficou muito aquém da imaginação do escritor.

Um último reparo: para quem gosta de ler à noite, deitado na cama, é verdadeiramente difícil ler este tipo de romances que contêm mais de 400 páginas, a não ser que tenha uma incrível força de braços. É uma pena que não se possam dividir as obras em dois volumes.

 

sinto-me: Carpe Diem
música: "Voçê e Eu" - Teresa Salgueiro
publicado por mileumpecados às 10:23
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Terça-feira, 6 de Novembro de 2007

EÇA AGORA...

         Eça Agora - Os Herdeiros dos Maias”

 

“O prazer de escrever a catorze mãos”

 

“Sabem como são os ficcionistas: dá-se-lhes um sopro de pólen e constroem uma árvore. Imaginem sete autores!...”

 

Título: "Eça agora - Os Herdeiros de Os Maias"

Autores:   Alice Vieira, João Aguiar, José Fanha, José Jorge Letria, Luísa Beltrão, Mário Zambujal, Rosa Lobato de faria

Editora: Oficina do Livro

1ª Edição Outubro de 2007

 

Depois de "Os Novos Mistérios de Sintra" e "O Código D'Avintes", somos alegremente surpreendidos por "Eça agora, os herdeiros de Os Maias".

Aos sete escritores um grande bem-haja pela ideia fantástica e hilariante (para mentes pequeninas estapafúrdia) de romancearem a catorze mãos, e, mais importante ainda, não se terem ficado e continuarem com este projecto que muito apraz aos vossos assíduos leitores, nos quais me incluo e assumo, sem modéstia, como sendo uma fã aguerrida, a Number one (se outros o são por ganharem milhões, um anónimo do Zé Povinho também o pode ser por ganhar saber e boa disposição com os vossos livros).

O mais interessante é que os sete acabaram por criar um só com uma escrita muito própria.

Ficamos a aguardar expectantes a vossa próxima aventura!

 

                                        Sinopse do "Eça agora"

 

A reinvenção das personagens de Eça de Queiroz.

Tudo começa no Alegrete, palacete meio arruinado em que vive Afonso da Maia, avô de Carlos da Maia, jovem médico que se apaixona por Maria Hermengarda, fugindo dos ataques sensuais da Condessa de Varinho e deixando de lado a espampanante Lara Marlene, filha do riquíssimo Silvestre do Ó Saraiva, construtor civil que fez a sua larga fortuna através de métodos muito pouco recomendáveis.

 

À volta de Carlos movimentam-se Damásio Malcede, o lisboeta novo-rico, João da Régua, o eterno futuro-ministro, o Palma Cavalito, director da Trombeta do Demónio, e muitas outras personagens herdeiras dos famosos Maias que se movimentam freneticamente numa crónica de costumes ao gosto deste tempo prodigioso do replay e do fast food.

 

No meio deste enredo surge mesmo o espírito de Eça de Queiroz a pôr alguma contenção a personagens e autores.


Num registo entre o queirosiano e a telenovela, quiseram os autores, cada um a seu modo, aplicar-se num enredo paralelo ao de Os Maias, observando a sociedade portuguesa do início do século XXI pelo monóculo risonho e severo do grande Eça. Resumiu um deles: Certamente, o Eça escreveria melhor mas não diria pior.

“O título também deu mil voltas e, um repente de Mário Zambujal, surgiu como uma evidência. Essa agora! Eça agora!...”

 

Foi fácil de encontrar o que criticar: Porque, ao fim destes anos todos, este Portugal a que sempre voltamos continua sem emenda.”

 

 

sinto-me: Carpe Diem
música: "PASÍON" - Rodrigo Leão e Adriana Calcanhoto
publicado por mileumpecados às 10:18
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Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007

"A Alma Trocada" - O último livro de Rosa de Lobato Faria

 

 

 

Título:  "A Alma Trocada" 

Autor: Rosa de Lobato Faria 

Editora: Edições ASA

1ª Edição Setembro de 2007

 

É um lugar comum dizer-se que determinada orientação sexual não é uma escolha, porque, se fosse, ninguém escolheria o caminho mais difícil. Foi esse caminho mais difícil que Teófilo teve de percorrer, desde a incompatibilidade com os pais, aos desencontros dentro de si próprio, chegando mesmo a acreditar que alguém lhe tinha trocado a alma...

 

Rosa Lobato de Faria aborda, desta vez, um tema diferente – o tema da homossexualidade masculina –, num romance que, mantendo embora o tom poético que sempre tem caracterizado as criações da autora, se arrisca por caminhos até aqui pouco explorados na ficção portuguesa.

 

Ouvida por Isabel Coutinho para o dossiê sobre ficção gay portuguesa que o Ípsilon publicou a 24 de Agosto, Rosa Lobato de Faria afirmou que "Nunca me passaria pela cabeça escrever um livro para o inserir num género (...) Não há diferença entre este e os outros romances. Gostei daquele homem cheio de fragilidades porque não o deixaram crescer como ele devia ter crescido. É um homem que me é simpático".

 

Breve resumo:

Aos 26 anos decide sair do armário, perante a aparente indiferença da “noiva”, a cumplicidade da avó Jacinta (uma matriarca alentejana), o desespero da mãe e o ódio do pai.

Anos a fio a suportar o peso das normas, a pressão social, os equívocos da “normalidade”, em terreno sempre escorregadio, desde o dia longínquo em que descobriu o «rasgão no peito». Descoberta abrupta, à beira dos 13 anos, quando surpreende o Tinito, cinco anos mais velho, a masturbar-se: «foi quando vi o Tinito, todo nu, entretido com o seu próprio membro [...] a deliciar-se com o seu rapidíssimo jogo de mão.» Segue-se a iniciação às mãos do referido Tinito, cigano bem-parecido criado em casa da avó Jacinta. Nesse dia percebeu.

Mas quem o faz enfrentar a família e a sociedade é outro homem, Hugo, um advogado jovem sem problemas identitários. A acção do romance divide-se entre Lisboa, o Estoril (onde Teófilo e Hugo arranjam casa) e o monte alentejano da avó Jacinta, com rápida digressão parisiense, em ambiente burguês, com apontamentos certeiros sobre tiques, hábitos e costumes das classes médias urbanas. A fluência narrativa não tropeça no sexo: «Cala-te, patrão. Não digas nada se não queres ser violado à bruta. [...] Só sei que lhe gritei uma vez e outra e outra vez, amo-te estúpido, amo-te animal, amo-te cabrão, filho da puta, cigano de merda, meu amor.» Passa-se isto quando, já casado e pai de filhos, Tinito leva Teófilo a trair Hugo, seu companheiro.

 Raquel, a “noiva” rejeitada, está na origem de uma sucessão de crimes: rouba os manuscritos de Teófilo, fazendo-os publicar com outro nome; encomenda o seu atropelamento; e depois o sequestro de uma criança. Acaba presa. Estas e outras peripécias dão colorido à acção.

 

Para mim, Rosa Lobato de Faria continua, e bem, com a sua escrita de “sentidos”, sendo o leitor permanentemente tentado e invadido pelos aromas, sons… «A casa cheirava a carqueja a arder na lareira e o frio seco, cá fora, pedia luvas e carapuços. Os cães vieram saudar-nos…». E fazendo-nos viajar no tempo e espaço até à nossa infância com a descrição do Natal, do arroz doce quente e do leite-creme queimadinho, tão característicos das Avós, entre palavras, lugares, fazeres e dizeres tão portugueses. «Lá dentro havia um conforto especial, um toque de ancestralidade rústica, um calor abençoado, um cheiro a canela.», «E a Maria a pôr a mesa da copa com as torradas de pão de centeio, o café com leite, a compota de abóbora, os biscoitinhos de erva-doce, para a minha fome de lobo, para a minha alegria de homem saciado e a saciar…».

Uma escrita que se lê de um só fôlego.

 

 

sinto-me: Carpe Diem
música: "Sete Mares" - Sétima Legião
publicado por mileumpecados às 13:59
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Quarta-feira, 17 de Outubro de 2007

Livro "PROIBIDO"

                PROIBIR, PROIBIR, PROIBIR!!!

 

Título:  Proibido

Autor: António Costa Santos  

Editora: Guerra e Paz

1ª Edição Maio de 2007

 

Já imaginou viver num país onde tem de possuir uma licença do Estado para usar um isqueiro?

Como será a vida num país onde uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido e as enfermeiras estão proibidas de casar?

Haverá um país onde meçam o comprimento das saias das raparigas à entrada da escola, para que os joelhos não apareçam?

Imagina-se a viver numa terra onde não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?

Como se faz praia, num país que não deixa ninguém mostrar o umbigo?

Já nos esquecemos, mas ainda há poucos anos tudo isto era proibido em Portugal. Tudo isto e muito mais, como dar um beijo em público.

 

E se a gigantesca onda de proibições do passado
fosse um bom aviso para o presente?

 

Mas que não se pense que a “façanha” do proibir só existia no passado, que morreu às portas do 25 de Abril, ou que era e é somente “propriedade” do Estado.

Como pode ler na página 94 do “Proibido”: «Já em Março de 2007, o Papa Bento XVI, na primeira exortação apostólica do seu pontificado, fez questão de recordar que os católicos divorciados que voltem a casar estão proibidos de comungar, a menos que se comprometam a viver com o novo companheiro como amigos ou irmãos, isto é, sem relações sexuais.»

...o que será que a Igreja pensa acerca dos filhos que possam advir dessas mesmas relações “Proibidas”? São prescritos? Se assim for, mais de metade da nova geração será prescrita da igreja.  

 

António Costa Santos é jornalista desde 1976. Trabalhou, entre outros, nos semanários “Sete”, do qual foi chefe de redacção, e “Expresso”, onde assinou durante cinco anos uma crónica sobre questões da vida quotidiana, o “Estado do Sítio”. Publicou um romance, livros de humor e para a infância, e é autor de guiões para cinema e televisão. Tem 50 anos e quatro filhos, aos quais proibiu algumas coisas, ao longo da vida, como bater nos mais fracos, faltar às aulas para ir jogar matraquilhos, deixar os discos fora das caixas, denunciar um colega, ou pregar mentiras, à excepção das piedosas e em legítima defesa.

 

sinto-me: Carpe Diem
música: Gorillaz - "Feel Good Inc(1)"
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Terça-feira, 9 de Outubro de 2007

FREEDOM WRITERS

       

 

                                                  "FREEDOM WRITERS" (2007)

 

                                       Género: Drama

                                       Director: Richard Lagravenese

 

Protagonistas:

Hilary Swank=Erin Gruwell

Patrick Dempsey=Scott Casey

Scott Glenn=Steve Gruwell

Imelda Syauton=Margaret Campbell

 

2 Prémios: “Truly moving sound award” – Filme Festival Heartland

                   “Humanitas Prize” – Prémio Humanitas

Nas salas de cinema Portuguesas no inicio de 2007. Procurar no seu clube de vídeo.

 

                                       Baseado na história verídica de uma jovem professora Americana, Erin Gruwell (Swank) e alunos da sala de aula 203.

                                       Ao ir leccionar uma turma do ensino secundário, dita de alto risco, com alunos problemáticos, Erin Gruwell vê-se “a braços” com uma quantidade de problemas, obstáculos que muitos de nós têm de lidar no seu dia-a-dia como o preconceito de cor de pele, de credo, de estatuto social, de hierarquia profissional, verdadeiras bombas prontas a explodir, tais como a intolerância, a segregação social, o racismo, a dura realidade dos gangues juvenis com toda a sua violência, as famílias disfuncionais, a pobreza, o crime, etc.

 

                                       Determinada a não abandonar os seus alunos e lutar por uma segunda oportunidade para os mesmos, Erin Gruwell arranja mais dois empregos, em detrimento do seu casamento, da relação com os outros docentes da escola, de toda a burocracia, para levar o seu projecto avante, ou seja, o de inspirar os seus alunos a tolerarem as diferenças dos outros bem como as suas próprias diferenças, e seguirem em frente com os seus estudos, acabarem o ensino secundário e se assim o entenderem, seguirem o ensino superior.

 

                                       De uma forma corajosa, com empenho, esforço e solicitude ganha o respeito dos seus alunos.

                                       Mostra-lhes o que foi o Holocausto, com testemunhos reais do que aconteceu na época, leva-os a ler, a escrever sobre as suas vivências numa espécie de diário, e a perseguir os seus sonhos.

                         

                                       “The Freedom Writers Diary” ou “O Diário dos Escritores da Liberdade” foi publicado em 1999 e tem como base os escritos dos diários dos alunos da sala de aula 203.

                                       Muitos dos escritores da liberdade foram os primeiros nas suas famílias a concluírem o Ensino Secundário e a ir para a Universidade.

Seguindo alguns dos seus alunos, a Sra. G. deixou a Wilson School para ensinar na Universidade da Califórnia, em Long Beach.

Erin Gruwell e os seus alunos, os escritores da liberdade fundaram a Fundação Escritores da Liberdade dedicada a recriar o sucesso da sala de aula 203 nas salas de todo o País.

 

Uma lição de vida!

 

Um filme repleto de verdadeiros exemplos de DETERMINAÇÃO, ESFORÇO, DEDICAÇÃO, RESPEITO, VONTADE, VALORES A SEGUIR e GENUÍNOS HERÓIS!

 

sinto-me: Carpe Diem
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